Presidente do Grupo UBA presente na Cimeira Empresarial Nórdico-Africana

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Presidente do Grupo UBA presente na Cimeira Empresarial Nórdico-Africana

Um dos investidores mais influentes de África, Tony Elumelu, pede à Noruega que deixe de ver África como um projecto de ajuda humanitária. “Precisamos de parceiros que invistam e construam connosco, não de caridade”, afirma.

Ele é um dos investidores mais influentes de África, proprietário United Bank for Africa, filantropo e defensor do que ele mesmo chama de “africapitalismo”: a crença de que o futuro do continente deve ser construído por empreendedores, não por ajuda humanitária.

“África precisa de parceiros, não de caridade”, afirma Elumelu com determinação.

“Queremos colaborar com países como a Noruega. Países que têm capital, competência e um perfil climático forte, mas que compreendem que o crescimento e o desenvolvimento devem ser criados através de investimentos, não de doações. Pare de pensar em ajuda humanitária, comece a pensar em negócios”, diz ele.

Elumelu lidera a empresa de investimentos Heirs Holdings e o United Bank for Africa, com operações em 20 países africanos, nos EUA, no Reino Unido, na França e nos Emirados Árabes Unidos. Ele está em Oslo para a Cimeira Empresarial Nórdico-Africana e espera que a visita marque o início de uma relação mais estreita entre a Noruega e o continente africano.

“Admiro a cooperação entre a Noruega e África. Mas quero desafiar a Noruega a fazer mais. A investir, não apenas a dar”, afirma.

Elumelu é considerado um dos homens mais ricos e influentes de África. Ele construiu a sua fortuna através de investimentos em bancos, energia, imobiliário e saúde. Em 2020, foi nomeado pela revista TIME como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.

Elumelu destaca especialmente a energia, as infraestruturas e a tecnologia como áreas em que a Noruega e as empresas norueguesas podem fazer a diferença.

Ao mesmo tempo, Elumelu alerta a Europa para não ficar à margem enquanto a China e os Estados do Golfo reforçam as suas posições em África através de investimentos massivos.

“África está a desenvolver-se rapidamente. A China já está fortemente presente nas áreas da infraestrutura, tecnologia e finanças. Se a Europa e a Noruega não agirem agora, outros preencherão o vazio”, afirma.

De acordo com dados da Menon Economics, os investimentos noruegueses em África caíram quase 90% desde 2014, enquanto os investimentos globais no continente aumentaram significativamente.

“É um paradoxo. As empresas norueguesas poderiam ter enormes oportunidades em África, mas muitas deixam-se intimidar pelo risco e pelas más notícias. Eu digo: cada desafio é uma oportunidade de negócio”, afirma.

Tony Elumelu durante a entrevista com a E24 em Oslo. O presidente do Grupo UBA, pede à Noruega que pense em investimentos em vez de ajuda humanitária.

– “Várias grandes empresas norueguesas tentaram estabelecer-se em África, mas falharam. O que acha que fizeram de errado?”
– “A maioria das pessoas que falham, falham porque não compreendem o terreno” responde Elumelu sem hesitar.
– “Não se pode investir num mercado que não se conhece. É preciso ter um parceiro local credível que saiba como o sistema funciona. É assim que se tem sucesso em África.”

Ele cita a sua colaboração anterior com a empresa norueguesa de plataformas petrolíferas Seadrill como um exemplo de como a colaboração pode funcionar.

Em 2013, a sua empresa de investimentos Heirs Holdings tornou-se parceira da Seadrill Mobil Units na Nigéria.

– “Eles tinham a experiência técnica, nós tínhamos o conhecimento local. Foi uma boa combinação. As empresas norueguesas devem procurar parceiros assim, em vez de tentarem fazer tudo sozinhas.”

– Muitos investidores consideram África um mercado de alto risco. O que diria a eles?

– “Sim, há riscos. Mas isso acontece em todo o lado, inclusive nos EUA, diz Elumelu com um sorriso.”

– A diferença é que em África se obtém um retorno mais elevado. Alto risco significa alto ganho, se soubermos como lidar com ele, acredita Elumelu.

Através da Tony Elumelu Foundation, ele apoiou mais de 24 000 jovens empreendedores em toda a África, que, segundo a fundação, criaram 1,5 milhões de empregos.

– “Acredito no poder da juventude. Quando os jovens têm capital e oportunidades, criam empregos e esperança, o que também impede a migração indesejada. Ninguém abandona o seu país natal quando tem esperança económica,” afirma Elumelu.

Ele descreve isso como o projecto da sua vida: construir uma nova geração de empreendedores africanos que possam transformar o continente a partir de dentro.

– “Eu vivo de acordo com o princípio do Africapitalismo: que o sector privado deve assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento. Precisamos investir nos sectores que geram crescimento e prosperidade e reinvestir o nosso dinheiro em África, não na Europa ou nos EUA.” Continuando disse “Temos de desenvolver África nós próprios”
– O que o motiva pessoalmente a dedicar tanto tempo e recursos ao empreendedorismo e ao desenvolvimento?
– “Em primeiro lugar, porque acredito que ninguém mais irá desenvolver África por nós. Temos de ser nós a fazê-lo,” afirma.
– “Nós, no setor privado africano, temos de pensar de forma inovadora, investir para criar crescimento económico e prosperidade, não apenas para nosso próprio lucro. Se não criarmos mais prosperidade, as nossas próprias empresas também não sobreviverão.

Ele acredita que o desenvolvimento não pode ser deixado apenas a cargo do Estado.”

– “Os governos devem contribuir com condições-quadro estáveis, mas é o setor privado que deve impulsionar a mudança. É nossa tarefa mostrar que os investimentos podem ser lucrativos e transformadores.”
– Como imagina África em 2050 e que papel espera ter desempenhado?
– “Vejo um continente que se sustenta por si próprio, impulsionado por jovens empreendedores confiantes. Um continente que construiu a sua própria prosperidade, não a recebeu de mão beijada,” diz ele.

– “É por isso que luto. África não precisa de mais simpatia. Precisamos de parceiros que acreditem em nós.” Sublinhou Tony Elumelu.

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